sábado, 7 de abril de 2012

O bom uso do dinheiro


O  BOM  USO  DO  DINHEIRO

O que é dinheiro?
Pode parecer-lhe absurdo iniciar este tema procurando definir o que é dinheiro, mas permita-me pensar de modo diferente.
No fim do século passado, um jornal londrino abriu um concurso visando achar a melhor definição para a palavra dinheiro. Seis mil definições foram enviadas e entre estas a que ganhou o prêmio foi a seguinte:
"Um artigo que pode usar-se como passaporte universal para ir a todas as partes, menos ao céu, e como fornecedor geral de todas as coisas, com exceção da felicidade".

Houve outras definições muito sugestivas sempre focalizando a sua utilidade e o culto que a humanidade lhe consagra.
Alguém o definiu como: "O Deus do avarento, o joguete do rico, a jóia da classe média e a inveja do pobre".
O pensador brasileiro Marquês de Maricá afirmou:
"Riqueza é poder, habilitando os que a possuem para fazerem muito bem ou muito mal".
Extenso livro poderia ser escrito, se arrolássemos tudo o que já disseram sobre o dinheiro, mas limitemo-nos a mais alguns conceitos, que nos ajudarão a compreender melhor este tão importante assunto:
"Cristo não condena as riquezas em si, mas o amor às riquezas... Um homem rico pode estar desprendido de suas riquezas, e um pobre, obcecado pelo dinheiro... O fato de ser rico é uma responsabilidade... Os que mais receberam em bens materiais, em cultura e em dons, têm obrigações de divididos. H. M. Oger.
"O rico, no plano de Deus, é apenas o tesoureiro do pobre." Augier
"A posse das riquezas tem malhas invisíveis em que insensivelmente, o coração fica preso!" Bossuet
"Sobre cofres de moedas, Jesus teria escrito: "Perigo de morte", como os engenheiros nas torres de transformadores elétricos". Bernanos
"Quando os ricos gastam em interesses pessoais, o supérfluo necessário à subsistência dos pobres estão roubando a estes pobres".
São Tomás de Aquino
"Se a avidez pelos bens terrestres enche meu coração, onde Deus encontrará lugar?" Paula Hoesl

O Dinheiro Compra:

Um leito, mas não o sono.
Casa rica, mas não um lar.
Luxo, mas não a cultura.
Vestuário belíssimo, mas não a beleza.
Divertimentos, mas não a felicidade.
Uma igreja, mas não a salvação.

A humanidade corre desesperada na ânsia de conseguir riquezas, porque elas nos trazem muitas vantagens, mas muitos se aviltam nesta conquista. Observando o caminho apressado e ofegante, dos habitantes de uma grande cidade, como São Paulo, temos a impressão que seu coração só bate da maneira seguinte: dinheiro, dinheiro, dinheiro.
Por que corre a humanidade tão avidamente a procura dinheiro?
Alguns o procuram obstinadamente para luxarem, outros para comerem do bom e do melhor, muitos para não precisarem mais trabalhar e quase todos com o objetivo principal de possuírem casas confortáveis, automóveis luxuosos, ainda terem a  possibilidade de viajar através do mundo. Há outra classe que talvez seja mais indigna do que as antecedentes, é a daqueles que ajuntam dinheiro só pelo prazer de ter dinheiro, não o gastando nem sequer em beneficio próprio. Esta é a classe dos avarentos.
Conta-nos a história que Vaudile, célebre avarento francês, muito rico, amava com tanta intensidade o dinheiro que desejando poupá-lo fazia apenas uma refeição por dia, composta de um pãozinho, uns pingos de leite e um gole de vinho. Pessoas semelhantes a esta, existem em todas as partes do mundo e em maior número do que pensamos.
Há poucos dias, a notícia de um senhor idoso, que desmaiou aqui em São Paulo, em uma das ruas de Pinheiros. Julgaram que fosse mendigo, pois desmaiara por falta de alimento, mas qual não foi a surpresa, quando encontraram muito dinheiro em seus bolsos e acabaram descobrindo que era dono de muitas casas no bairro onde residia, mas tão sovina que não se alimentava para não gastar o dinheiro.
Em vários seres a paixão pelo dinheiro chega a tornar-se uma loucura. Relata-nos a história, que Calígula, nos últimos anos de sua vida adquiriu idolatria pelo dinheiro. Durante quatro anos de prepotência deu cabo do erário de Tibério e aumentou consideravelmente os impostos. Gostava de caminhar descalço sobre enormes montes de ouro, espalhados numa vasta sala. Algumas vezes rolava nas pilhas de moedas, soltando urros de prazer.
O marechal de La Ferté nos fornece um exemplo interessante da sedução que o dinheiro exerce. Ao tomar posse do governo da Lorena, os judeus vieram saudá-lo. Ele não os quis receber alegando:
– É impossível. Causam-me horror, pois traíram meu soberano. Informaram-lhe que traziam um presente de quatro mil moedas.
– Oh – exclamou o marechal – quando os coitados traíram meu soberano decerto não o conheciam!
Recebendo-os assim, prazerosamente, mas, apenas por causa do dinheiro.
Inúmeras pessoas vivem apenas com o objetivo de ajuntar dinheiro. Não o guardam obedecendo a um ideal nobre. Desejam apenas amealhar não levando em consideração as vantagens que possam auferir da abastança. O dinheiro aprisionado no cofre do avarento é comparado a um fruto estéril, mas é o plano divino que ele esteja em mãos generosas de filantropos, para ser uma semente fecunda.
Em Eclesiastes 2 e 5, encontramos a condenação do mau uso do dinheiro. Diz Salomão que é uma miséria a riqueza conservada para ruína do seu dono, e um grande mal que ele viu debaixo do sol um homem a quem Deus deu bens não fazer bom uso destes bens.
Há entre os livros do escritor paulista, Paulo Setúbal, um com o nome de Eldorado; quando li este volume o que mais me impressionou, depois da procura voraz das minas de ouro, foi a decadência dos costumes em conseqüência deste mesmo ouro. Na página 171 ele afirma: "Mas ouro quer dizer desgraça, ouro quer dizer ruína. Ouro e crime são irmãos gêmeos". Com conhecimento de causa, ele declara que ouro é sinônimo de desgraça, enquanto muitos de nós ainda estamos pensando que ouro é sinônimo de felicidade.
Um homem muito rico em Manaus, antes de morrer escreveu: "Todos os males que vêm ao mundo são por causa do dinheiro. Esta declaração é real, porque quase sempre o dinheiro e mal usado.

O Cristão Como Administrador dos Bens Divinos

Como cristãos, estamos bem cientes da nossa responsabilidade, de sermos apenas administradores ou mordomos das posses materiais, que o Senhor nos confiou. Devemos usar o nosso dinheiro, tendo em mente a missão da igreja e ainda para proporcionar alegria e auxílio aos necessitados.
A palavra mordomia é bastante familiar em nossos arraiais; ela é proveniente de duas palavras latinas, mor e ardomus, significando o maior ou o chefe da casa. Ela eqüivale à palavra grega oikonomia, composta de oikos – casa e nomos – lei; significando portanto a lei que deve administrar uma casa. A palavra oikonomia é usada apenas 18 vezes em o Novo Testamento.
Otto A. Piper comentando a passagem de Mateus 6:24 afirma: "Jesus mostra com clareza, que o dinheiro é um poder cósmico, do qual o homem não pode escapar. A questão real está em se deve ou não ser considerado um poder soberano. Insiste ainda: Jesus não disse que a riqueza é má e a pobreza, boa. Aponta sim, a dificuldade especial que têm os ricos em acreditar que o plano redentor de Deus é de primeira importância neste mundo. E termina: É como administrador que o homem possui as coisas; deve usá-las segundo a finalidade determinada por Deus na criação do mundo". Dar é Viver, de Samuel Young, pág. 9.

O Cristão e a Liberalidade

Embora a liberalidade seja uma das mais belas virtudes do cristianismo, e quase todos louvem os que possuem este dom, é difícil a uma pessoa desprender-se com facilidade de seus bens materiais.
Para ter esta virtude é necessário ter a Cristo no coração. II Cor. 5:14.
É bom ter em atente que Deus promete recompensar a liberalidade de acordo com Isaías 58:10-11.
A orientação divina para o ato de dar é muito sábia. II Cor. 8:12; I Cor. 6:2.
"O espírito de liberalidade é o espírito do céu". AA, pág. 339.
Salomão nos mostra que há rica recompensa para a alma liberal:
"A quem dá liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e  mais, ao que retém mais do que e justo, ser-lhe-á em pura perda. A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado". Prov. 11:24, 25.
Os exemplos de liberalidade da palavra de Deus são muitos, mas podem ser destacados os seguintes:
1.ª) O exemplo divino. Gên. 1:29; S. João 3: 16.
Deus foi o maior doador, pois não nos deu apenas o Seu amado Filho, mas nos dá abundantemente todas as coisas. Pensemos no ar, na água, na luz, nas flores, nas árvores, nos pássaros, enfim em tantas coisas que tornam a vida digna de ser vivida. Nossas palavras de gratidão por estas dádivas devem ser as de Paulo em II Cor. 9:15:
"Graças a Deus pelo seu dom inefável".
A generosidade divina aos homens é um pensamento que nunca encontra palavras adequadas que o expressem.
2.ª) O Rei Davi. I Crôn. 39:1-4.
3.ª) A viúva pobre. Luc. 21:3.
4.ª) Maria ao ungir os pés de Jesus. S. João 12:3.
5.ª) A Igreja Apostólica. Atos 2:45; II Cor. 8:2.
Alguns pareceu interpretar mal Ecles. 5:19: "Quanto ao homem, a quem Deus conferiu riquezas e bens, a lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar ao seu trabalho: isto é dom de Deus", concluindo que lhes cabe o direito de gastar o dinheiro a seu bel-prazer.
Toda a pessoa vai responder pelo uso que fez do dinheiro que lhe passa pelas mãos.
Paulo em I Tim. 6:17 confirma a verdade ensinada por Salomão. A loucura consiste em pôr a confiança na riqueza, em vez de usá-la consoante a vontade e a determinação divinas.
"Jeová deu a riqueza da Terra a Seu povo para sua alegria. Este, em troca, não devia esquecer e dizer: 'Minha força conquistou tudo isto' Deut. 8:17. O fato de Israel ter esquecido, que seus recursos eram um sinal de sua dependência de Deus, está intimamente relacionado com o quebrantamento do concerto e sua busca de outros deuses. Quando Israel esqueceu e quebrou o concerto, sua terra e sua riqueza foram tomadas e eles foram mandados para o exílio. Através da história de Israel severas advertências são dirigidas contra os que se esforçam por conseguir riquezas mediante ganância, trapaça e deslealdade, e contra o orgulhar-se e gloriar-se na riqueza". – The Interpreter's Bible.

Dez Razões Bíblicas Desestimuladoras em Adquirir Riquezas

1.ª) A pessoa enriquecida, se não cuidar, passa para a classe dos difíceis de serem salvos. Mat. 19:23-24.
A pessoa passa a sentir-se amparada em novo esteio de segurança, a ponto de sentir-se segura sem Deus.
2.ª) O amor ao dinheiro torna o homem insaciável, avarento. Ecles. 5:10.
Diz Paulo que a avareza (apego ao dinheiro) nem deve ser nomeada entre os verdadeiros cristãos. Efés. 5:3.
A pessoa que idolatra o dinheiro não herda o reino de Deus. Efés. 5:5.
3.ª) O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. l Tim. 6:10.
4.ª) As riquezas terrestres são efêmeras.  Prov. 27:24; Tiago 5:3.
5.ª) Cristo sendo o nosso exemplo em tudo, deu-nos um sublime exemplo de desprendimento das coisas materiais, não possuindo nem sequer um cômodo. S. Mat. 8:20.
6.ª) O apego ao dinheiro faz a pessoa perder a noção de justiça, honestidade, retidão, e ela passa a defraudar os assalariados. Gên. 31:7; Prov. 22:7; Tiago 2:6.
7.ª) A ambição de conquistar posses materiais leva a pessoa a ser simuladora, isto é, a fingir ser rica ou pobre atendendo a conveniências. Em outras palavras leva à   mentira. Prov. 3:7.
8.ª) O servir às riquezas ou a Mamon insensibiliza o coração de muita gente. Mat. 6:24.
9.ª) O dinheiro serve de empecilho à aceitação do evangelho de Cristo, como aconteceu ao moço rico. Mat. 19:22.
O mundo continua hoje repleto de moços ricos que preferem o dinheiro à aceitação do evangelho.
10.ª) A Bíblia desaconselha o aumento dos bens materiais, dizendo através de Salomão, que não é sábio correr atrás de riquezas (Prov. 28:22); que é loucura nelas confiar (Prov. 11:28).
Prezado amigo, quem sabe, você ainda não se deteve para pensar no perigo que existe na avidez por adquirir riquezas, medite um pouco nestas declarações de Ellen G. White:
"Disse o Senhor a Seu anjo que havia até então ministrado à irmã: eu a tenho provado na pobreza e na aflição, e ela não se separou de Mim, nem se rebelou contra Mim. Prová-la-ei agora com a prosperidade. Revelar-lhe-ei uma página do coração humano com a qual ela não está familiarizada. Mostrar-lhe-ei que o dinheiro é o mais perigoso inimigo que ela já tenha encontrado. Revelar-lhe-ei o engano das riquezas; que elas são um laço, mesmo para os que julgam seguros contra o egoísmo e imunes contra a exaltação, a extravagância, o orgulho e o autor do louvor dos homens". Testemunhos Seletos, Vol.  l, pág. 248.

Advertências Finais

"Depositar a confiança em qualquer coisa que não seja em Deus, seja riqueza, conhecimento, posição ou amigos, coloca-nos em perigo". SDABC, sobre Êxodo 20:3.
"Os que estão prontos e dispostos a investir na causa de Deus, serão abençoados em seus esforços por ganhar dinheiro... Devemos ter sempre em mente que somos associados de Deus. Sua obra e Sua causa demandam a primeira consideração". – Our Calling, pág. 194.
"Deus não condena a prudência e a previsão no uso das coisas desta vida, mas o cuidado febril, a ansiedade indébita com relação às coisas do mundo não estão de acordo com a Sua vontade". – Mordomia e Prosperidade, pág, 158.
O bom uso do dinheiro faz parte da educação cristã como nos ensina o livro Educação:
"Que se ensine cada jovem e criança não simplesmente a resolver problemas imaginários, mas fazer com precisão as contas de seus próprios ganhos e gastos. Que aprenda o devido uso do dinheiro, usando-o... fazendo um registro de suas despesas aprenderão, como não o fariam de qualquer outra maneira, o valor e o uso do dinheiro". Pág. 239.
O amor ao dinheiro é um mal que tem suas raízes na valorização do eu, no egoísmo do coração não santificado.
Há muitas maneiras de honrarmos a Deus, mas uma delas é através do nosso dinheiro, como nos diz a Sua palavra, em Provérbios 3:9-10.

A História de Oito Homens Ricos

Leia atentamente o relato que se segue, para concluir se vale a pena lançar-se freneticamente na busca de riquezas.
Em 1923 celebrou-se uma reunião muito importante no Hotel Edegewater Beach, em Chicago. Presentes a esta reunião estavam oito dos maiores financistas. Eram os seguintes:
O presidente da maior companhia independente de aço.
O presidente da maior companhia de utilidades públicas.
O presidente da maior companhia de gás.
O presidente da Bolsa de Valores de Nova Iorque.
Um membro do gabinete do presidente.
O maior acionista de Wall Street.
O chefe do maior monopólio do mundo.
O presidente do Banco de Ajuste Internacional.
Temos de admitir que ali se encontravam homens bens sucedidos nos negócios. Pelo menos eram homens que haviam descoberto o segredo de ganhar dinheiro.
Vejamos qual era a situação destes homens 25 anos mais tarde:
O presidente da maior companhia independente de aço, Carlos Schwab, morreu na bancarrota e viveu de empréstimos nos últimos 5 anos de vida.
O presidente da maior companhia de utilidades públicas, Samuel Insull, morreu fugitivo da justiça e sem um vintém num país estrangeiro.
O presidente da maior companhia de gás, Horward Hopson, ficou louco.
O presidente da Bolsa de Valores de Nova York, Ricardo Whitney, há pouco tempo foi solto da penitenciária de Sing-Sing.
O membro de gabinete do presidente, Alberto Fall, recebeu o perdão no presídio para poder morrer em casa.
O maior acionista de Wall Street, Jesse Livermore, suicidou-se.
O chefe do maior monopólio do mundo, Ivan Grueger, suicidou-se.
O presidente do Banco Internacional, Leão Fraser suicidou-se.
Todos esses homens aprenderam bem a arte de ganhar dinheiro, mas nenhum deles aprendeu a viver. – Journal of Living, setembro de 1949.


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