O que é
dinheiro?
Pode
parecer-lhe absurdo iniciar este tema procurando definir o que é dinheiro, mas
permita-me pensar de modo diferente.
No fim do
século passado, um jornal londrino abriu um concurso visando achar a melhor definição
para a palavra dinheiro. Seis mil definições foram enviadas e entre estas a que
ganhou o prêmio foi a seguinte:
"Um artigo que pode usar-se como passaporte
universal para ir a todas as partes, menos ao céu, e como fornecedor geral de
todas as coisas, com exceção da felicidade".
Houve outras
definições muito sugestivas sempre focalizando a sua utilidade e o culto que a
humanidade lhe consagra.
Alguém o
definiu como: "O Deus do avarento, o joguete do rico, a jóia da classe
média e a inveja do pobre".
O pensador
brasileiro Marquês de Maricá afirmou:
"Riqueza é poder, habilitando os que a possuem para fazerem
muito bem ou muito mal".
Extenso livro
poderia ser escrito, se arrolássemos tudo o que já disseram sobre o dinheiro,
mas limitemo-nos a mais alguns conceitos, que nos ajudarão a compreender melhor
este tão importante assunto:
"Cristo
não condena as riquezas em si, mas o amor às riquezas... Um homem rico pode
estar desprendido de suas riquezas, e um pobre, obcecado pelo dinheiro... O
fato de ser rico é uma responsabilidade... Os que mais receberam em bens
materiais, em cultura e em dons, têm obrigações de divididos. H. M. Oger.
"O rico,
no plano de Deus, é apenas o tesoureiro do pobre." Augier
"A posse
das riquezas tem malhas invisíveis em que insensivelmente, o coração fica
preso!" Bossuet
"Sobre
cofres de moedas, Jesus teria escrito: "Perigo de morte", como os
engenheiros nas torres de transformadores elétricos". Bernanos
"Quando os
ricos gastam em interesses pessoais, o supérfluo necessário à subsistência dos
pobres estão roubando a estes pobres".
São
Tomás de Aquino
"Se a
avidez pelos bens terrestres enche meu coração, onde Deus encontrará
lugar?" Paula Hoesl
O Dinheiro Compra:
Um leito, mas não o
sono.
Casa rica, mas não
um lar.
Luxo, mas não a
cultura.
Vestuário
belíssimo, mas não a beleza.
Divertimentos, mas
não a felicidade.
Uma igreja, mas não
a salvação.
A humanidade
corre desesperada na ânsia de conseguir riquezas, porque elas nos trazem muitas
vantagens, mas muitos se aviltam nesta conquista. Observando o caminho
apressado e ofegante, dos habitantes de uma grande cidade, como São Paulo,
temos a impressão que seu coração só bate da maneira seguinte: dinheiro,
dinheiro, dinheiro.
Por que corre a
humanidade tão avidamente a procura dinheiro?
Alguns o
procuram obstinadamente para luxarem, outros para comerem do bom e do melhor,
muitos para não precisarem mais trabalhar e quase todos com o objetivo
principal de possuírem casas confortáveis, automóveis luxuosos, ainda terem a possibilidade de viajar através do mundo. Há
outra classe que talvez seja mais indigna do que as antecedentes, é a daqueles
que ajuntam dinheiro só pelo prazer de ter dinheiro, não o gastando nem sequer
em beneficio próprio. Esta é a classe dos avarentos.
Conta-nos a
história que Vaudile, célebre
avarento francês, muito rico, amava com tanta intensidade o dinheiro que
desejando poupá-lo fazia apenas uma refeição por dia, composta de um pãozinho,
uns pingos de leite e um gole de vinho. Pessoas semelhantes a esta, existem em
todas as partes do mundo e em maior número do que pensamos.
Há poucos dias,
a notícia de um senhor idoso, que desmaiou aqui em São Paulo, em uma das ruas
de Pinheiros. Julgaram que fosse mendigo, pois desmaiara por falta de alimento,
mas qual não foi a surpresa, quando encontraram muito dinheiro em seus bolsos e
acabaram descobrindo que era dono de muitas casas no bairro onde residia, mas
tão sovina que não se alimentava para não gastar o dinheiro.
Em vários seres
a paixão pelo dinheiro chega a tornar-se uma loucura. Relata-nos a história,
que Calígula, nos últimos anos de sua vida adquiriu idolatria pelo dinheiro.
Durante quatro anos de prepotência deu cabo do erário de Tibério e aumentou
consideravelmente os impostos. Gostava de caminhar descalço sobre enormes
montes de ouro, espalhados numa vasta sala. Algumas vezes rolava nas pilhas de
moedas, soltando urros de prazer.
O marechal de La Ferté nos fornece um exemplo
interessante da sedução que o dinheiro exerce. Ao tomar posse do governo da
Lorena, os judeus vieram saudá-lo. Ele não os quis receber alegando:
– É impossível.
Causam-me horror, pois traíram meu soberano. Informaram-lhe que traziam um
presente de quatro mil moedas.
– Oh – exclamou
o marechal – quando os coitados traíram meu soberano decerto não o conheciam!
Recebendo-os
assim, prazerosamente, mas, apenas por causa do dinheiro.
Inúmeras
pessoas vivem apenas com o objetivo de ajuntar dinheiro. Não o guardam
obedecendo a um ideal nobre. Desejam apenas amealhar não levando em
consideração as vantagens que possam auferir da abastança. O dinheiro
aprisionado no cofre do avarento é comparado a um fruto estéril, mas é o plano
divino que ele esteja em mãos generosas de filantropos, para ser uma semente
fecunda.
Em Eclesiastes
2 e 5, encontramos a condenação do mau uso do dinheiro. Diz Salomão que é uma
miséria a riqueza conservada para ruína do seu dono, e um grande mal que ele
viu debaixo do sol um homem a quem Deus deu bens não fazer bom uso destes bens.
Há entre os
livros do escritor paulista, Paulo Setúbal, um com o nome de Eldorado; quando li este volume o que
mais me impressionou, depois da procura voraz das minas de ouro, foi a
decadência dos costumes em conseqüência deste mesmo ouro. Na página 171 ele
afirma: "Mas ouro quer dizer desgraça, ouro quer dizer ruína. Ouro e crime
são irmãos gêmeos". Com conhecimento de causa, ele declara que ouro é
sinônimo de desgraça, enquanto muitos de nós ainda estamos pensando que ouro é
sinônimo de felicidade.
Um homem muito
rico em Manaus, antes de morrer escreveu: "Todos os males que vêm ao mundo
são por causa do dinheiro. Esta declaração é real, porque quase sempre o
dinheiro e mal usado.
O Cristão Como Administrador dos Bens Divinos
Como cristãos,
estamos bem cientes da nossa responsabilidade, de sermos apenas administradores
ou mordomos das posses materiais, que o Senhor nos confiou. Devemos usar o
nosso dinheiro, tendo em mente a missão da igreja e ainda para proporcionar
alegria e auxílio aos necessitados.
A palavra
mordomia é bastante familiar em nossos arraiais; ela é proveniente de duas
palavras latinas, mor e ardomus,
significando o maior ou o chefe da casa. Ela eqüivale à palavra grega oikonomia, composta de oikos – casa e nomos – lei; significando portanto a lei que deve administrar uma
casa. A palavra oikonomia é usada
apenas 18 vezes em o Novo Testamento.
Otto A. Piper comentando a
passagem de Mateus 6:24 afirma: "Jesus mostra com clareza, que o dinheiro
é um poder cósmico, do qual o homem não pode escapar. A questão real está em se
deve ou não ser considerado um poder soberano. Insiste ainda: Jesus não disse
que a riqueza é má e a pobreza, boa. Aponta sim, a dificuldade especial que têm
os ricos em acreditar que o plano redentor de Deus é de primeira importância
neste mundo. E termina: É como administrador que o homem possui as coisas; deve
usá-las segundo a finalidade determinada por Deus na criação do mundo". Dar é Viver, de Samuel Young, pág. 9.
O Cristão e a Liberalidade
Embora a
liberalidade seja uma das mais belas virtudes do cristianismo, e quase todos
louvem os que possuem este dom, é difícil a uma pessoa desprender-se com
facilidade de seus bens materiais.
Para ter esta
virtude é necessário ter a Cristo no coração. II Cor. 5:14.
É bom ter em
atente que Deus promete recompensar a liberalidade de acordo com Isaías
58:10-11.
A orientação
divina para o ato de dar é muito sábia. II Cor. 8:12; I Cor. 6:2.
"O
espírito de liberalidade é o espírito do céu". AA, pág. 339.
Salomão nos
mostra que há rica recompensa para a alma liberal:
"A quem dá
liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e
mais, ao que retém mais do que e justo, ser-lhe-á em pura perda. A alma
generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado". Prov. 11:24,
25.
Os exemplos de
liberalidade da palavra de Deus são muitos, mas podem ser destacados os
seguintes:
1.ª) O exemplo
divino. Gên. 1:29; S. João 3: 16.
Deus foi o
maior doador, pois não nos deu apenas o Seu amado Filho, mas nos dá
abundantemente todas as coisas. Pensemos no ar, na água, na luz, nas flores,
nas árvores, nos pássaros, enfim em tantas coisas que tornam a vida digna de
ser vivida. Nossas palavras de gratidão por estas dádivas devem ser as de Paulo
em II Cor. 9:15:
"Graças a
Deus pelo seu dom inefável".
A generosidade
divina aos homens é um pensamento que nunca encontra palavras adequadas que o
expressem.
2.ª) O Rei
Davi. I Crôn. 39:1-4.
3.ª) A viúva
pobre. Luc. 21:3.
4.ª) Maria ao
ungir os pés de Jesus. S. João 12:3.
5.ª) A Igreja
Apostólica. Atos 2:45; II Cor. 8:2.
Alguns pareceu
interpretar mal Ecles. 5:19: "Quanto ao homem, a quem Deus conferiu
riquezas e bens, a lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e
gozar ao seu trabalho: isto é dom de Deus", concluindo que lhes cabe o
direito de gastar o dinheiro a seu bel-prazer.
Toda a pessoa
vai responder pelo uso que fez do dinheiro que lhe passa pelas mãos.
Paulo em I Tim.
6:17 confirma a verdade ensinada por Salomão. A loucura consiste em pôr a
confiança na riqueza, em vez de usá-la consoante a vontade e a determinação
divinas.
"Jeová deu
a riqueza da Terra a Seu povo para sua alegria. Este, em troca, não devia
esquecer e dizer: 'Minha força conquistou tudo isto' Deut. 8:17. O fato de
Israel ter esquecido, que seus recursos eram um sinal de sua dependência de
Deus, está intimamente relacionado com o quebrantamento do concerto e sua busca
de outros deuses. Quando Israel esqueceu e quebrou o concerto, sua terra e sua
riqueza foram tomadas e eles foram mandados para o exílio. Através da história
de Israel severas advertências são dirigidas contra os que se esforçam por
conseguir riquezas mediante ganância, trapaça e deslealdade, e contra o
orgulhar-se e gloriar-se na riqueza". – The Interpreter's Bible.
Dez Razões Bíblicas Desestimuladoras em Adquirir Riquezas
1.ª) A pessoa enriquecida, se não cuidar, passa para a classe dos
difíceis de serem salvos. Mat. 19:23-24.
A pessoa passa
a sentir-se amparada em novo esteio de segurança, a ponto de sentir-se segura
sem Deus.
2.ª) O amor ao dinheiro torna o homem insaciável, avarento. Ecles.
5:10.
Diz Paulo que a
avareza (apego ao dinheiro) nem deve ser nomeada entre os verdadeiros cristãos.
Efés. 5:3.
A pessoa que idolatra o
dinheiro não herda o reino de Deus. Efés. 5:5.
3.ª) O amor ao
dinheiro é a raiz de todos os males. l Tim. 6:10.
4.ª) As
riquezas terrestres são efêmeras. Prov.
27:24; Tiago 5:3.
5.ª) Cristo sendo o nosso exemplo em tudo, deu-nos um sublime exemplo
de desprendimento das coisas materiais, não possuindo nem sequer um cômodo. S.
Mat. 8:20.
6.ª) O apego ao dinheiro faz a pessoa perder a noção de justiça,
honestidade, retidão, e ela passa a defraudar os assalariados. Gên. 31:7; Prov.
22:7; Tiago 2:6.
7.ª) A ambição de conquistar posses materiais leva a pessoa a ser
simuladora, isto é, a fingir ser rica ou pobre atendendo a conveniências. Em
outras palavras leva à mentira. Prov.
3:7.
8.ª) O servir às riquezas ou a Mamon insensibiliza o coração de muita
gente. Mat. 6:24.
9.ª) O dinheiro serve de empecilho à aceitação do evangelho de Cristo,
como aconteceu ao moço rico. Mat. 19:22.
O mundo
continua hoje repleto de moços ricos que preferem o dinheiro à aceitação do
evangelho.
10.ª) A Bíblia desaconselha o aumento dos bens materiais, dizendo
através de Salomão, que não é sábio correr atrás de riquezas (Prov. 28:22); que
é loucura nelas confiar (Prov. 11:28).
Prezado amigo,
quem sabe, você ainda não se deteve para pensar no perigo que existe na avidez
por adquirir riquezas, medite um pouco nestas declarações de Ellen G. White:
"Disse o Senhor a Seu anjo que havia até então ministrado à
irmã: eu a tenho provado na pobreza e na aflição, e ela não se separou de Mim,
nem se rebelou contra Mim. Prová-la-ei agora com a prosperidade. Revelar-lhe-ei
uma página do coração humano com a qual ela não está familiarizada.
Mostrar-lhe-ei que o dinheiro é o mais perigoso inimigo que ela já tenha
encontrado. Revelar-lhe-ei o engano das riquezas; que elas são um laço, mesmo
para os que julgam seguros contra o egoísmo e imunes contra a exaltação, a
extravagância, o orgulho e o autor do louvor dos homens". Testemunhos
Seletos, Vol. l, pág. 248.
Advertências Finais
"Depositar a confiança em qualquer coisa que não seja em
Deus, seja riqueza, conhecimento, posição ou amigos, coloca-nos em
perigo". SDABC, sobre Êxodo
20:3.
"Os que estão prontos e dispostos a investir na causa de
Deus, serão abençoados em seus esforços por ganhar dinheiro... Devemos ter
sempre em mente que somos associados de Deus. Sua obra e Sua causa demandam a
primeira consideração". – Our Calling, pág. 194.
"Deus não condena a prudência e a previsão no uso das
coisas desta vida, mas o cuidado febril, a ansiedade indébita com relação às
coisas do mundo não estão de acordo com a Sua vontade". – Mordomia e
Prosperidade, pág, 158.
O bom uso do
dinheiro faz parte da educação cristã como nos ensina o livro Educação:
"Que se ensine cada jovem e criança não simplesmente a
resolver problemas imaginários, mas fazer com precisão as contas de seus
próprios ganhos e gastos. Que aprenda o devido uso do dinheiro, usando-o...
fazendo um registro de suas despesas aprenderão, como não o fariam de qualquer
outra maneira, o valor e o uso do dinheiro". Pág. 239.
O amor ao
dinheiro é um mal que tem suas raízes na valorização do eu, no egoísmo do
coração não santificado.
Há muitas
maneiras de honrarmos a Deus, mas uma delas é através do nosso dinheiro, como
nos diz a Sua palavra, em Provérbios 3:9-10.
A História de Oito Homens Ricos
Leia
atentamente o relato que se segue, para concluir se vale a pena lançar-se
freneticamente na busca de riquezas.
Em 1923
celebrou-se uma reunião muito importante no Hotel Edegewater Beach, em Chicago. Presentes
a esta reunião estavam oito dos maiores financistas. Eram os seguintes:
O presidente da maior companhia independente de aço.
O presidente da maior companhia de utilidades públicas.
O presidente da maior companhia de gás.
O presidente da Bolsa de Valores de Nova Iorque.
Um membro do gabinete do presidente.
O maior acionista de Wall Street.
O chefe do maior monopólio do mundo.
O presidente do Banco de Ajuste Internacional.
Temos de
admitir que ali se encontravam homens bens sucedidos nos negócios. Pelo menos
eram homens que haviam descoberto o segredo de ganhar dinheiro.
Vejamos qual
era a situação destes homens 25 anos mais tarde:
O presidente da
maior companhia independente de aço, Carlos Schwab, morreu na bancarrota e
viveu de empréstimos nos últimos 5 anos de vida.
O presidente da
maior companhia de utilidades públicas, Samuel Insull, morreu fugitivo da
justiça e sem um vintém num país estrangeiro.
O presidente da maior
companhia de gás, Horward Hopson, ficou
louco.
O presidente da
Bolsa de Valores de Nova York, Ricardo Whitney, há pouco tempo foi solto da
penitenciária de Sing-Sing.
O membro de
gabinete do presidente, Alberto Fall,
recebeu o perdão no presídio para poder morrer em casa.
O maior
acionista de Wall Street,
Jesse Livermore, suicidou-se.
O chefe do
maior monopólio do mundo, Ivan Grueger, suicidou-se.
O presidente do
Banco Internacional, Leão Fraser
suicidou-se.
Todos esses
homens aprenderam bem a arte de ganhar dinheiro, mas nenhum deles aprendeu a
viver. – Journal of Living, setembro de 1949.
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