A EDUCAÇÃO DOS
FILHOS
“Herança do Senhor são os filhos: o fruto do ventre
seu galardão”. Sal. 127:3.
Depois do relacionamento entre os cônjuges, o
relacionamento mais importante na vida
do casal é o deles com os filhos. Os filhos são dados como herança de Deus,
embora muitas vezes, no decorrer de
nossa vida de pais, sintamo-nos tentados
a pedir ao Senhor que tome conta sozinho
por uns tempos, do presente que nos deu.
Gosto
sempre de dizer que os filhos são como
amplificadores nossos, sendo a forma mais segura de levar-nos a ultrapassar nossas próprias limitações. Não
há nada que possamos sentir em nós mesmos que se compare a dor que sentimos se alguma tristeza ou sofrimento se abate sobre um filho nosso. Em compensação, não há alegria que nos advenha comparável aquela que sentimos quando um filho nosso é feliz ou
alcança um sucesso almejado.
Entretanto, da mesma forma que o calor do sol endurece o
gesso mas derrete a cera, que faz bem a nossa saúde, mas mata os micróbios, os
filhos podem servir de traço de união ou separação entre o casal.
Os atritos que surgem com relação aos filhos
podem surgir de fatores tão variados quanto ao número de filhos que cada
um deseja ter, a hora em que devem lançar-se a essa aventura(um pode querer ter
os filhos logo, e um em seguida do outro, e o seu cônjuge, pode querer esperar mais e ter os filhos com
maior intervalo), e até mesmo, em alguns
casos, se devem ou não terem filhos.
Mesmo depois de aplainarem essas dificuldades
iniciais, vem aquelas causadas
pelas diferenças de opiniões quanto ao
modo de educarem os filhos.
Efésios
6:4: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na
admoestação do Senhor”. Esse versículo responde a diversas perguntas com relação a educação dos filhos: quem, o
que e como?
1.
Vejamos a quem são dirigidas
essas palavras de instrução.
O pai e a mãe,
como uma unidade, são responsáveis pela educação dos filhos. Embora a
mãe, por ser aquela cujo próprio corpo abriga e alimenta o filho, que passa
mais tempo junto dela nos primeiros anos de vida, esteja intimamente ligada ao
seu desenvolvimento, ela não é a única responsável pelos filhos. Êxodo 20:12
diz: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolongue os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” “Filho
meu, ouve o ensino de teu pai, e não deixe a instrução de tua mãe”. Provérbios
1:8.
Quando
a Palavra de Deus fala aos pais, está se referindo aos dois. A tarefa de educar
aos filhos é dada ao pai e a mãe, com a
do pai acrescida de ser a cabeça do lar.
Entretanto, é bastante comum os pais se omitirem à tarefa
de cuidarem pessoalmente dos
filhos. Muitos usam a desculpa do
trabalho ou de outras atividades em que
estão envolvidas para deixarem as
crianças totalmente por conta das esposas, especialmente se estas não trabalham
fora de casa.
2.
Se ambos os pais são
igualmente responsáveis pelo cuidado dos filhos,
o que, exatamente devemos fazer?
Que tipo de instrução lhes são dirigidas?
Cabe aos pais a obrigação de criar aos filhos , pois este verbo aparece
no imperativo: “criar”, o que indica não
ser uma opção para qualquer um dos dois.
As crianças não crescem automaticamente como Deus deseja que venham a
ser, elas brigam, batem, mordem, tomam brinquedos umas das outras, judiam dos
mais tímidos, e algumas vezes são cruéis.
O
Dr. Bruce Narramore, em seu livro: “Socorro, temos filhos”, apresenta-nos quatro necessidades básicas das crianças, que os
pais devem satisfazer:
A .
Necessidades Espirituais.
É
nossa (pais) a necessidade de ensinar a nossos filhos acerca do pai do céu e
das verdades eternas.
B.
Necessidades Físicas.
Cabe
aos pais a responsabilidade de promover o melhor que puderem para seus filhos, cuidando das necessidades básicas para uma boa saúde que se refletirá inclusive no desenvolvimento mental da criança.
C.
Necessidades Emocionais.
A
criança precisa acima de tudo, saber que é amada e sentir-se segura da presença
dos pais. É por isso que a separação de
um casal é uma tragédia tão grande para
os filhos, pois solapa a base sobre a
qual repousa o equilíbrio emocional da
criança.
D. Todas as
Necessidades.
Não
obstante nossas imperfeições, temos que nos esforçar para suprirmos da melhor maneira possível
todas as necessidades de nossos
filhos, sem desanimar, porque “o amor cobre multidões de pecadores” I Pedro 4:8.
3.
O terceiro aspecto da
educação dos filhos, agora que já vimos quem é
responsável por ela, e o que ela deve visar alcançar na vida dos pequeninos, é o de como
vamos atingir este objetivo.
O versículo que nos serve de
base apresenta dois aspectos
fundamentais do processo
educacional, sendo o primeiro negativo: “E vós, pais, não provoqueis
vossos filhos a ira”, e o segundo positivo: “cria-os na disciplina e na
admoestação do Senhor”. (Efésios 6:4). Colossenses 3:21 usa ainda palavras mais
fortes para mostrar o que não devemos fazer: “Pais, não irritais os
vossos filhos. Antes, ensinam que não
devemos trata-los da maneira que se
sintam frustrados, derrotados, amargurados, hostis, preguiçosos, pessimistas, negativos, atemorizados, inseguros, rebeldes, ressentidos,
desviando-se do caminho do bem. Para evitar que isso aconteça, devemos:
A . Não
esperar deles mais do que são capazes de dar ou fazer.
Não há
nada tão corrosivo para a auto-estima da criança quanto a sensação de não
corresponder ao que se espera dela. Além das limitações próprias de cada
idade, como nos ensina a passagem acima,
devemos avaliar as aptidões de nossos filhos,
para ajudá-los a desenvolverem-nas ao máximo, sem contudo exigir deles o que não podem dar
ou alcançar. É muito comum os pais
sentirem que seus filhos são uma
extensão deles próprios, ao invés de pessoas em si mesmas. Assim, tudo o que a criança faz ou deixa de
fazer reflete-se sobre a imagem dos pais. , passando-se estes a exigir dela
perfeição de comportamento, inteligência e dons. A criança não pode administrar as próprias limitações, pois sente que não será amada se os pais
descobrirem que é imperfeita. Se ao
contrário, sentir-se aceita e amada como é, a criança terá ânimo para dar o
melhor de si mesma.
B. Aceitar
nossos filhos como eles são não significa que vamos deixá-los crescer ao léu.
Ao
ensinarmos os nossos filhos as coisas boas, devemos ter me mente que o caminho em que a criança
deve andar não é um só para todos, mas
que atente para as suas características específicas. Nossos filhos também são
diferentes, cada um deles com suas
características especiais. Precisamos conhecer quais são para podermos
educá-los segundo suas próprias necessidades. Tentar encaixá-los a todos na mesma forma é
uma boa maneira de desanimá-los.
Para
educarmos nossos filhos, segundo suas características especiais, entretanto,
teremos de conhecê-los bem, essa é uma tarefa que requer tempo. Não é em poucos
minutos que distinguiremos o caráter e
as tendências das crianças.
Devemos
nos lembrar que, se temos obrigação de ensinar palavras boas aos nossos filhos,
temos também a enorme responsabilidade de viver de acordo com o que ensinamos. Observar que os pais
ensinam uma coisa mas vivem outra leva a
criança ao desânimo e a frustração.
C. Não
adianta esperar que, pelo simples fato de termos ensinado nossos filhos o que é
certo, através de palavra e exemplos,
eles vão sempre agir como certo.
Haverá
hora em que precisaremos repreendê-los. Entretanto, a nossa repreensão deve ter
o objetivo de ajudá-los a crescer, a se desenvolver, e não desanimá-los e não faze-los sentirem-se
diminuídos. É especialmente danoso o
hábito de rotularmos nossos filhos,
chamando-os de “molengos”,
“estúpidos”, “idiota”, “língua de trapo”, e mesmo os mais inofensivos como
“desajeitados” e assim por diante. Estes
rótulos, mesmo quando
reconhecidamente merecidos, ficam
gravados no íntimo da criança, e a perseguem por toda a vida, abalando a
confiança que tem no próprio valor.
D. Outra
maneira de levarmos nossos filhos ao desânimo e a irritação é a de não
permitirmos que errem.
Atacamos
cada erro deles como se fosse uma ofensa pessoal. Entretanto, o erro pode ser
uma ferramenta eficaz no ensino. É lógico que podemos permitir que a
criança experimente alguma coisa que represente um perigo verdadeiro para si. Contudo, se já tiver sido
ensinado a ela que não deve fazer algo
por ser prejudicial, e ela insistir em faze-lo, aprenderá a lição por si mesma e adquirirá mais confiança ainda nos pais. A mãe diz ao Joãozinho para não chegar perto
do forno, por que está quente. O menino fica por ali, mas a mãe insiste para
que ele se afaste, ao faze-lo passa bem perto do forno e encosta nele a mão,
retirando-a logo em seguida com um gritinho de dor. Aprendeu as próprias custas
que deveria ter obedecido a mãe. Esta
não precisa dizer mais nada. A lição está muito bem aprendida.
Ás
vezes, um aparente desobediência é uma
simples ignorância do que é esperado
deles. É necessário explicar claramente
as regras, regulamentos e
expectativas que temos para com nossos
filhos. Toda a disciplina requer o estabelecimento de limites, mas esses
deverão ser delineados com clareza, ou levarão a criança à frustração, à hostilidade e ao
ressentimento. A criança só estará
desobedecendo se estiver
deliberadamente contrariando uma
ordem clara que lhe foi dada.
E. Entretanto,
não somos perfeitos nem tampouco
são perfeitos nossos esforços em
educar nossos filhos. Uma das coisas mais importantes que os pais podem fazer é reconhecer que erraram e pedir perdão aos filhos.
Muitos
pais evitam isso, mesmo quando reconhecem haver errado, por achar que perderão
o respeito dos filhos. Entretanto, dá-se o contrário, por que na maior parte
das vezes a criança já sabe intuitivamente
que o adulto errou. A admissão do erro ajuda a criança de duas formas:
ela começa a reconhecer nos pais, seres
humanos falíveis, mas amorosos e
devotados, e a aprender a perdoar. Ao
tomar consciência da imperfeição dos
pais a criança passa a aceitar com
mais tranqüilidade suas próprias
limitações. Esse clima de aceitação e perdão dentro do lar e entre os membros
da família é de suma importância para o desenvolvimento de filhos bem ajustados e felizes.
F. O aspecto mais abrangente para assegurar que nossos filhos não fiquem desanimados ou irritados é, sem dúvida, o amor e a aceitação que demostramos para com
eles.
Parece
que se é dispensável falar que os pais
precisam amar a seus filhos, pois achamos que fazemos isso naturalmente.
Entretanto, quantas vezes não demonstramos esse amor. Somos ríspidos,
exigentes, intolerantes, ou então, simplesmente supomos que nossos filhos entendem que os amamos sem
que jamais lhes tenhamos dito isso. O amor tem que ser manifestado através do
carinho físico, de palavras de estímulo
e apreciação, de elogios bem dosados,
dos gestos que traduzem a importância
que tem para nós, dando-lhes o nosso tempo e atenção, conversando com
eles, tentando ver as coisas da perspectiva deles. Quantas vezes a criança
aceita com facilidade uma restrição que
é imposta ao sentir que os pais a
impõem mas compreendem como ela se sente.
Além de
educarmos as nossas crianças de maneira a não ficarem irritadas, precisamos
trabalhar os aspectos positivos de seu
desenvolvimento. Não basta deixarmos de fazer as coisas erradas. Precisamos
concentrar nossos esforços nas certas.
A
passagem de Efésios 6:4 nos diz que devemos criá-los “na disciplina e na admoestação do Senhor”.
O que isso significa em termos práticos? O que é disciplina do Senhor?
A
disciplina de Deus é fruto de seu amor por nos e visa o nosso aperfeiçoamento. Disciplina não é
castigo. Entretanto, a finalidade da
disciplina é o aprimoramento, é a santificação.
Uma
condição essencial para a disciplina
seja eficaz é o acordo entre os pais
quanto ao que será exigido da criança e a medida a ser usado para assegurar a obediência e
regras estabelecidas. Se o filho sentir que um dos pais diz uma coisa
e outro diz outra, ficará inseguro quanto ao que fazer, e tirará
proveito da situação jogando um dos pais contra o outro, evitando obedece
quando isso não lhe convier. Por exemplo, a mãe diz que a criança não pode
chupar balas antes do jantar, mas o pai não tão envolvido quanto a mão com o
problema da alimentação dos filhos,, não considera importante faze-la
cumprir essa ordem. Júnior logo percebe
que essa ordem não faz diferença, e apela para o pai quando quer fazer isso. Quando a mãe vê o que
o filho fez e o repreende, logo
responde: “mas o papai deixou”. O
resultado final desse tipo de desunião entre os pais pode ser desastroso, pois daí em diante a
criança a usará como arma para escapar
ao cumprimento das ordens, jogando um dos pais contra o outro.
Embora os
diversos aspectos da disciplina requeiram grande parte do nosso tempo e
esforços, não devemos esquecer de
separar tempo para cultivar o amor e a
amizade de nossos filhos. A medida que convivemos com eles, vamos construindo
um museu de recordações. Devemos nos esforçar
para guardar nele um grande
número de memórias felizes, que servirão para sustentá-los nas horas de reprovação ou correção. Nem sempre os grandes momentos que planejamos
com tanto cuidado constituem a maior parte do acervo desse museu. Muitas vezes
são os pequenos momentos que deixam
marcas indeléveis na memória.
CONCLUSÃO:
Pais
sábios, além do tempo que devotam aos filhos em geral, separam tempo para cada um deles em
particular: Um passeio especial, sozinho com o papai ou com a mamãe, uma
horinha para compartilhar algum acontecimento alegre ou algum desapontamento,
transformam-se em preciosa dádiva que os
pais devem dar a seus filhos.
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